quinta-feira, 22 de março de 2012

Malcriação da menina de rua

Bon soir! Vim contar mais um caso da Mariah Júlia que foi um tanto significativo pra ela... Pois bem, eu fui buscá-la na escola e ela já saiu chorando e pedindo pra comer um acarajé, mas nós precisávamos ir até a Cidade Baixa pra buscar o Dudu e irmos ao aniversário da Aline e ainda não tínhamos o presente da aniversariante, ou seja, zaralho total, mas o choro foi aumentando e as malcriações junto com elas...

Proferia frases diversas, ameaçava se jogar no chão e deu um chute na mochila, daí... PUFT!!!!

Minha paciência foi pra cucuia e eu me abaixei na altura dos olhos dela (técnica da Super Nany, já ouviu?!) e tive uma conversinha didática de pé de orelha e daí, ela disparou: "Eu não quero mais ser sua filha!" " Eu quero virar menina de rua!" "Eu quero fugir de casa e se você me deixar fugir, vai me fazer um grande favor!!!"

E andamos o shopping atrás do presente da Aline e ela berrando atrás de mim e eu ali pacientemente pensando em como fazer daquele momento uma grande lição e assim o foi...

Saímos do shopping e eu entrei na rua que desembocava na antiga estrada velha do aeroporto, parei o carro em um lugar bem feio", com uma feirinha ralé e sujinha, desci e abri a porta dela e disse: "DESÇA!!!"... Os olhos dela se arregalaram e ela me perguntou com um certo temor na voz se eu a deixaria lá e eu expliquei que ela tinha me dito que queria virar menina de rua, que ela passaria a morar na feirinha e bater nos vidros dos carros para pedir dinheiro e comida, que não haveria mais festa de natal, de páscoa, de viagem de férias, de mamãe pra levar na cama, de cama quentinha e mais um monte de coisas...

As lágrimas começaram a rolar pelo rosto e ela gritou um sonoro "Não me abandone aqui! Eu não vou sobreviver!" e chorou muito e eu, aparentemente dura, fechei a porta do carro e segui viagem.... Silenciosa no início, ouvi suas desculpas e ela começou a rezar e agradecer a Deus pela família que ela tinha, disse que estava arrependida e que não falaria algo parecido...  Deitada no banco do carro, ela dormiu e eu me debulhei em lágrimas e segui caminho...

Chorei, pois morri de medo que ela descesse mesmo e eu fosse perdê-la, mas sabia que a dose do remédio tinha que ser na hora da dor...

Ser mãe é pegar pela mão e colocar no colo, mas também é puxar pela mão e colocar no caminho, pois uma criança que não sabe lidar com NÃO, que é voluntariosa e sem limites, da mesma maneira será quando adulto e o mundo, que desejamos que seja muito melhor no futuro, não suporta mais pessoas assim e se não posso salvar um rio, um cardume, uma lagoa, posso salvar a minha filha!!!